29/01/2013

Tragédias podem ser evitadas

     A segunda maior tragédia envolvendo incêndio em nosso país com vítimas fatais, chocou e comoveu o mundo! Já morei em Santa Maria, parte da minha formação aconteceu lá, sei a localização de onde em poucos minutos a alegria e divertimento, deram lugar ao caos e desespero no interior da Boate Kiss. A Kiss foi como um beijo traidor, roubado, que sufocou filhos, amigos e familiares de mais de 230 jovens. 


     Conversando com uma amiga de lá na manhã de domingo, ela comentou e depois os noticiários confirmaram, de que dezenas de pessoas se amontoaram nos banheiros na esperança de se salvar ou encontrar a saída naquela agonia. Tento imaginar o horror que os bombeiros presenciaram, de pessoas mortas, amontoadas, encurraladas e sem esperanças. Lembrei das palavras do Apóstolo Paulo, em Romanos capítulo 8, falando da tragédia do pecado e a consequente caminhada para a morte que todos estamos propensos: “estamos em perigo de morte o dia inteiro; somos tratados como ovelhas que vão para o matadouro” (verso 31). Ovelhas quando vão para o matadouro, não sabem e não se dão conta do que está se passando, para onde estão sendo levadas, e quando percebem o perigo não conseguem mais fugir, se desvencilhar daquela situação mortífera. Só há uma saída de emergência, e parece que nem ela seja suficiente!
     Seja de forma trágica ou natural, a morte de alguém sempre é um drama, mas quando ocorre em proporções como foi a deste incêndio, choca muito mais. Toda tragédia poderia ser evitada, a questão é que dependemos de uma cadeia de pessoas e circunstâncias, e por mais que busquemos a perfeição, em algum momento, o pecado nos encurrala, a fumaça preta denuncia o fogo que consome. Mesmo que se descubra as causas do incêndio, agora é hora de juntar o que sobrou. Onde falta prevenção, necessita-se de reconstrução.
     Encontro-me na mesma situação de Paulo: “Diante de tudo isso, o que mais podemos dizer? Se Deus está do nosso lado, quem poderá nos vencer? Ninguém![...] Pois eu tenho certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida” (Romanos 8.31,38). Embora na vida e diante da morte nos sintamos encurralados em inúmeras situações, a única e necessária porta de esperança continua sendo aquela afirmada por Jesus: “em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas” (João 10.7). Feliz de quem encontrou a porta, não para sair da boate, mas para morrer em paz. “Eu sou a ressurreição e vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá; e quem vive e crê em mim nunca morrerá” (João 11.25). Que Deus enxugue as lágrimas de todos os que choram(Apocalipse 7.17) e assim possamos evitar tragédias maiores!

Márlon Hüther Antunes (Teólogo e pastor da Igreja Luterana em Maceió)

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